ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA
DEBATER O PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO URBANO AMBIENTAL DE PORTO ALEGRE –
TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM
25-8-2007.
Aos vinte e cinco dias do mês de agosto do ano de
dois mil e sete, reuniu-se, na Escola de Samba União da Tinga, na Rua Álvaro
Difini, nº 380, no Bairro Restinga, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dez
horas, a Vereadora Maria Celeste assumiu a presidência e declarou abertos os
trabalhos, informando que a presente Audiência Pública seria destinada a
discutir a importância do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental –
PDDUA – para a Cidade de Porto Alegre, nos termos do Edital publicado no Jornal
do Comércio, no dia vinte de julho do corrente. Compuseram a Mesa: a Vereadora Maria Celeste e o Vereador Alceu
Brasinha, respectivamente Presidenta e 1º Secretário da Câmara Municipal de
Porto Alegre; a Senhora Maria Horácia Ribeiro de Ribeiro, Presidenta da União
das Associações de Moradores de Porto Alegre – UAMPA –; o Senhor Jair Farias,
da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Nilson Lopes Coelho, do Conselho
Municipal de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre; Vereadores Adeli Sell
e Carlos Comassetto e a Vereadora Neuza Canabarro. Durante os trabalhos,
também esteve presente a Vereadora Maria Luiza. A seguir, a Senhora Presidenta
prestou esclarecimentos acerca das normas a serem observadas durante os
trabalhos da presente Audiência Pública, destacando que esta reunião abrangeria
as comunidades dos Bairros Belém Novo, Chapéu do Sol, Lageado, Lami, Ponta
Grossa e Restinga, que integram a Região de
Gestão de Planejamento Urbano nº 08 do Conselho
Municipal de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre. Também,
informou que, após explanações da Senhora Maria Horácia Ribeiro de Ribeiro e do
Senhor Jair Farias, seria concedida a palavra às Bancadas deste Legislativo,
para pronunciamentos de forma intercalada com as manifestações de interessados,
sendo de cinco minutos a duração máxima dessas intervenções. Ainda, a Senhora
Presidenta informou que a Assessoria da Câmara Municipal de Porto Alegre
receberia sugestões, acerca do tema, das entidades interessadas e que o
material produzido nesta Audiência Pública seria encaminhado para Comissão
Especial, a ser criada neste Legislativo, com a participação de doze
Vereadores, para discutir o Projeto do PDDUA, após ser encaminhado pelo Executivo
Municipal. Em continuidade, foram iniciados os debates acerca do Plano Diretor
de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre. Na ocasião, a Senhora
Presidenta concedeu a palavra à Senhora Maria Horácia Ribeiro de Ribeiro e ao Senhor
Jair Farias. Também, manifestaram-se sobre o tema em debate na presente Audiência
Pública os Vereadores Neuza Canabarro, Carlos Comassetto e Maria Luiza; o
Senhor Heberson Luís Vilar da Cunha, da Cooperativa Coema; o Senhor Nilson
Lopes Coelho, do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano
Ambiental de Porto
Alegre; o Senhor Renato Soares, da Escola do Bê-a-bá de Angola Malta dos Guris e
Gurias de Rua; a Senhora Leonite Ana Gheno, da Associação dos Moradores da
Ponta Grossa; o Senhor Wilson Valério da Rosa Lopes, da UAMPA; o Senhor
Gilberto Cardoso de Aguiar, do Movimento Nacional de Luta pela Moradia; e
a Senhora Djanira Correa da Conceição. Na oportunidade, em face de
questionamento levantado pela Senhora Leonite Ana Gheno, a Senhora Presidenta
prestou esclarecimentos acerca do Programa Farmácia Popular do Governo Federal.
Também, convidou todos para seminário, a ser realizado no dia quinze de
setembro do corrente, na Escola União da Tinga, para tratar do tema Escola
Técnica Federal de Porto Alegre na Restinga. Em prosseguimento, a Senhora
Presidenta concedeu a palavra, para considerações finais, ao Senhor Jair Farias
e à Senhora Maria Horácia Ribeiro de Ribeiro. Ainda, a Senhora Presidenta
registrou a presença do Senhor Miguel Rossetto. Às doze horas, nada mais
havendo a tratar, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos da
presente Audiência Pública. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Maria
Celeste e secretariados pelo Vereador Alceu Brasinha. Do que eu, Alceu
Brasinha, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que será
assinada por mim e pela Senhora Presidenta.
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Bom-dia, então, a todos e a todas, é com muita
alegria, muita satisfação que nós estamos aqui, neste dia extremamente frio,
chuvoso, o que certamente está impedindo a participação de um número maior de
pessoas nesta Audiência de hoje. Mas estamos aqui num bom número de Vereadores,
que acredita no processo que nós estabelecemos pela Mesa Diretora na questão
das Audiências Públicas sobre o Plano Diretor.
De imediato, eu gostaria de convidar a Sra.
Maria Horácia, Presidenta da UAMPA – União das Associações de Moradores de
Porto Alegre -, para compor a Mesa dos trabalhos; nós já estamos com o Jair
Farias, que está representando o Grupo de Trabalho da Câmara Municipal, que
hoje vai fazer a introdução do trabalho para nós; quero também convidar os
Vers. Adeli Sell, Neuza Canabarro e Carlos Comassetto, para participar desta
Mesa de abertura; depois iniciaremos os trabalhos; também o Nilson, Conselheiro
do Conselho do Plano Diretor da Cidade, por gentileza, é muito importante a sua
participação, muito obrigada; contamos, também, com a presença do Sr. Miguel
Rossetto, nosso ex-Vice-Governador, ex-Ministro da Reforma Agrária, muito
obrigada pela presença, o senhor que tem nos acompanhado em várias Audiências,
preocupado com o futuro da cidade de Porto Alegre. Quero saudar os funcionários
da Casa, que têm sido fortemente parceiros na construção deste processo, esta é
a sexta Audiência - convido o Ver. Brasinha, também, para, neste início, na
abertura dos trabalhos, se assim desejar, sentar-se conosco aqui -; nós, da
Mesa Diretora da Câmara Municipal, entendemos ser importante construir esse
processo na Cidade.
Nós sabemos que o Projeto do Plano Diretor
ainda está em fase final de elaboração pelo Governo Municipal, mas o processo
instalado pela Prefeitura Municipal, especialmente pela Secretaria do
Planejamento, no semestre passado, levou a muitos descontentamentos,
especialmente do movimento popular, das entidades não-governamentais, dos
movimentos da cidade de Porto Alegre em relação ao processo que foi
estabelecido, tendo em vista o desastre que foram as duas Audiências Públicas,
inclusive com a intervenção do Ministério Público, e essa queixa e essa
insatisfação acabaram repercutindo na Câmara Municipal. E a Câmara Municipal
foi instigada, especificamente pela UAMPA, para que pudesse abrir um processo
de discussão, na Cidade, sobre esse tema tão importante. Então, essas
Audiências que nós estamos realizando, hoje é a sexta, temos mais duas, nas
oito Regiões do Conselho do Plano Diretor, têm como objetivo fazer a escuta necessária
dos movimentos, das entidades, o que não foi permitido, enfim, ou não houve
essa possibilidade, no processo instalado pelo Executivo local. Por isso é que
a Câmara, com essa nova dinâmica - nós temos uma Mesa Diretora muito atuante,
somos seis Vereadores; três mulheres nesta Mesa Diretora, estou aqui com a
Vice-Presidente, Ver.ª Neuza Canabarro - coloca à disposição dos munícipes de
Porto Alegre o seu trabalho. Então, é com esta intenção, eu não quero me
alongar muito nesta abertura, nós queremos ouvir as pessoas que estão aqui, as
entidades já podem se inscrever, as pessoas podem se inscrever, este é o
momento oportuno de a população falar sobre o Plano Diretor, sobre os mais
diversos temas da cidade de Porto Alegre, questões que talvez não estejam ou
não estarão no Projeto enviado do Governo para a Câmara, mas que é importante
que os Vereadores se apropriem, tomem conhecimento e, quem sabe, façam Emendas
ao Projeto, dando uma nova dinâmica, uma nova cara para a esta revisão do Plano
Diretor que chega à Câmara Municipal nos próximos dias. De imediato, eu passo
para a abertura, para a saudação inicial da Sra. Maria Horácia, Presidente da
UAMPA.
A SRA. MARIA HORÁCIA
RIBEIRO: Inicialmente, queria dar um bom-dia a todos,
agradecer a presença dos senhores aqui, vejo algumas lideranças, o pessoal da
Associação aqui, que há muito tempo está com a gente, o ex-Ministro, que nos
prestigia, mostrando a importância da nossa iniciativa, e os nossos
Parlamentares, que têm sido parceiros até agora. Quero dizer que esse tema nos
levou até a Câmara de Vereadores numa tentativa, nós, da UAMPA, de resgatarmos
e garantirmos à comunidade o direito a fala, o direito a colocar os anseios e
as necessidades. E, felizmente, por entendimento daquela Casa, fomos acolhidos
e estamos com sucesso. Queremos dizer que não nos preocupamos com um grande
quórum; nos preocupamos, sim, com um quórum qualificado, com aquele que vai
fazer o debate na sua comunidade e que vai estar trazendo aqui os anseios das
suas comunidades.
Mais uma vez agradecemos à Câmara de
Vereadores por ter tido esse entendimento de estar indo até as comunidades e,
mais uma vez, queremos dizer que a UAMPA é parceira daquela Casa para toda e
qualquer iniciativa que venha ao encontro daquilo que nós necessitamos. Uma boa
reunião para nós! (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Obrigada, Horácia. De imediato coloco a palavra à
disposição do nosso técnico, Assessor da Câmara Municipal Jair Farias, para
fazer a explanação.
O SR. JAIR FARIAS:
Bom-dia a todos, na pessoa da Ver.ª Maria Celeste quero saudar a Mesa, os
Vereadores e todos os presentes. É com muito orgulho que me coube essa
responsabilidade de voltar a essa região onde tive o prazer de ser o primeiro
Coordenador-Geral do Orçamento Participativo, no tempo do Governador Olívio
Dutra – acho que o Comassetto ainda se lembra, era de Ipanema ao Extremo Sul -,
então, a gente tem uma vivência dos problemas da região. Nas várias Audiências
Públicas já efetuadas, eu vi a grande preocupação do cidadão com a sua Cidade,
com a sua qualidade de vida, com a sua organização; temas como a regularização
fundiárias, as áreas de interesse cultural e também o patrimônio ambiental, são
temas sempre presentes. O Plano Diretor é o principal instrumento de
planejamento e não podemos fugir desse conceito de planejamento, de ordenamento
e de organização de uma Cidade. Ele é matéria constitucional, orgânica e também
do Estatuto da Cidade, que veio regularizar os artigos 182 e 183 da
Constituição, que trata da regularização urbana.
Bem, sendo a Lei nº 434 – o atual Plano
Diretor – um instrumento de planejamento e organização, ela estabelece regras
para todas as relações do homem com a ocupação urbana da Cidade, as suas
relações de desenvolvimento econômico, a volumetria das edificações, que trata
das alturas com a devida proporcionalidade, recuos, afastamentos, cotas, taxa
de ocupação, índices construtivos, também trata da ocupação do solo e
estabelece regras para as atividades comerciais, estabelecendo zoneamentos de
uso para seus respectivos grupos de atividades, determinando zonas
predominantemente residenciais e zonas miscigenadas, com suas hierarquias –
mista 1, mista 2, mista 3, mista 4.
Entendo que o atual Plano Diretor de Porto
Alegre é um Plano moderno, albergando 169 artigos, é um Plano que deu o enfoque
mais qualificado para o nosso patrimônio ambiental e também é calcado nas ações
das diretrizes através de princípios e estratégias.
Bom, quando se fala em Plano Diretor se
entende a Cidade como um todo: é essa definição, é isso que se quer do atual
Plano Diretor. E nesse todo há o seu modelo espacial que elenca duas grades
áreas: área rarefeita e área de ocupação intensiva, a chamada propriamente zona
urbana, onde se centraliza a população, otimizando a infra-estrutura e com uma
alta densificação. Porto Alegre hoje conta com aproximadamente um milhão
quatrocentos e cinqüenta mil habitantes numa área de 496,87 quilômetros
quadrados, então tudo isso tem que estar dentro de um modelo espacial e daí vem
essas divisões: área de ocupação intensiva e área rarefeita, cada uma com suas
características. A área rarefeita é onde predomina a atividade primária e
também tem muitas condições de ser aplicado em projetos de orientação
científica, de turismo e também projetos ambientais.
O Plano Diretor de Porto Alegre estabelece,
para estruturar esta Cidade, três grandes segmentos: as UEUs, que são as
Unidades de Estruturação Urbana, as macrozonas e também as áreas de gestão de
planejamento. As UEUs praticamente servem para o planejamento em si, bem
pontual. Por exemplo: Belém Velho está na UEU 80126: vai lá na SMOV, dá toda a
densidade, praticamente, todo o regime urbanístico; isso pode colocar lá, tipos
de atividades que podem ser acolhidas.
O conjunto dessas UEUs formam as macrozonas,
que são em torno de nove. Podemos exemplificar como macrozona a cidade
radiocêntrica que vem do Centro Histórico até a 3ª Perimetral, com
características de grandes equipamentos, grande densificação e também área que
tem muitos equipamentos culturais.
Outro exemplo que tem que ser citado, que
faz a interface com a Região Metropolitana, é a macrozona do corredor de
desenvolvimento, onde há albergues em sua área, e dois grandes equipamentos - a
CEASA e o aeroporto -, e também é considerada uma zona de desenvolvimento futuro,
porque essa se limita entre a Br-290, a Sertório e a Assis Brasil.
Para interligar todas essas regiões que eu
falei, os móveis, UEUs, macrozonas e gestões de planejamento, temos que ter
algum link, alguma coisa que faça com que a Cidade não perca aquela
identificação do todo, que seriam os elementos estruturadores, que, além do
Centro Histórico, são os corredores. Posso citar o corredor de centralidade, de
urbanidade, agropastoril e assim por diante. Corredores de centralidade, dou o
exemplo: são grandes áreas situadas entre grandes vias estruturadas, como
aquela área compreendida entre a Bento Gonçalves e a Ipiranga, entre a Sertório
e Assis Brasil, onde existe uma grande densificação de variedades, de
atividades, uma grande miscigenação de atividades.
Eu acho, para não me estender muito, que o
Plano Diretor alcança sua função social quando ele reconhece a cidade informal,
ele grava as áreas de interesse ambiental, interesse social, as áreas de
contenção e áreas de ocupação prioritária. Então todos esses instrumentos fazem
com que uma cidade seja organizada. Agora, simplesmente com as regras, que
estão no papel, por si não acontecem nada. O que tem que acontecer? Sinergia:
sinergia das pessoas, dos cidadãos, com seu Poder Legislativo e Poder Executivo.
O Poder Executivo elabora a lei através dos anseios da população, através de
audiências nem sempre exitosas. A Câmara de Vereadores ajusta esse Plano
através de emendas dos cidadãos, exatamente o objetivo desta reunião hoje aqui,
através de propostas e demandas. Depois de elaborado, tem que existir a grande
participação, a sinergia – isso é o principal. O homem citadino - da cidade -
tem vários endereços: é o homem trabalhador; é o empresário que quer investir
em seu núcleo e gerar emprego; é o contribuinte, que quer ver seus impostos
voltados com a prestação de serviço pela cidade. Então toda essa sinergia é que
vai fazer o Plano Diretor pôr em marcha as diretrizes e ações.
Para encerrar, eu acho que o Plano Diretor
por si só nunca vai alcançar uma cidade perfeita, ele vai tentar conseguir uma
cidade sustentável com qualidade de vida. Para isso o cidadão tem que atender a
outros mecanismos, outros preceitos, como o Código de Posturas, que é a Lei
Complementar nº12, que fala na relação das vizinhanças, manejo dos resíduos
urbanos, a exigência do alvará para as atividades funcionarem e também a Lei do
Impacto Ambiental. São mecanismos que auxiliam a procura do cidadão, porque o
cidadão tem que procurar e provocar esses mecanismos.
Sendo assim, acho que com essas audiências
vamos ter muito sucesso na sistematização das propostas para ajudar os
Vereadores a proporem emendas e atingirem uma maior perfeição na revisão do
Plano Diretor. Muito obrigado.
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Obrigada, Jair, que representa o grupo de trabalho
que fez toda essa sistematização, elaborou o panfleto que nós temos distribuído
na cidade de Porto Alegre, orientando, divulgando para as pessoas e entidades o
que é o Plano Diretor e para que serve. Quero registrar a presença da Ver.ª
Maria Luiza, que está conosco neste momento, muito bem-vinda, com toda essa
chuva. Nós passaremos ao momento dos pronunciamentos das entidades e também dos
Vereadores. Já temos aqui as inscrições de algumas entidades, e a dinâmica é a
seguinte: o pronunciamento é em torno de cinco minutos, e quando faltar um
minuto para terminar, a gente avisa. Começamos então com as entidades. O Sr.
Heberson Luís Vilar da Cunha, da Coema, está com a palavra.
O SR. HEBERSON LUÍS VILAR
DA CUNHA: Bom-dia a todos, eu sou o Heberson, sou da
Cooperativa Coema, delegado do Orçamento Participo. Bom-dia à comunidade,
bom-dia aos Vereadores aqui presentes e à coordenação da Mesa. Há 15 dias, no
Orçamento Participativo desta região aqui, nós estávamos discutindo a
necessidade da regularização fundiária, e veio um representante da Prefeitura e
nos disse que em breve, em breve, a gente receberia boas notícias do Gabinete
do Prefeito, do DEMHAB e SPM. Bom, passou-se algum tempo e nós estamos
aguardando, pacientemente, as demandas que foram encaminhadas.
Quando a Ver.ª Maria Celeste nos diz que nós
poderemos apresentar diversas propostas, em diversos eixos, aí nós corremos o
risco da reunião virar um balcão de choro, coisa natural; vai virar um balcão
de choro, porque nós temos muitas demandas atrasadas, nós temos prestação de
serviços em péssimas qualidades, mas sei que a Câmara Municipal é parceira.
Então, eu gostaria de, pelo menos, tentar transcrever o que eu estava anotando
ali. A criação do parque ecológico do Morro São Pedro é uma proposta de mais ou
menos quatro ou cinco anos, em negociação; a gente não sabe até hoje como ficou
essa proposta definitivamente na Câmara de Vereadores. Nós tínhamos um parque
aqui, o Parque da Restinga, e esse parque hoje já está ocupado em cerca de 40%
com moradias populares, está sendo regularizado pelo DEMHAB, então, o parque em si, está indo para o espaço. Nós queremos um
parque. Tem um parque da Zona Sul, que é o Parque Knijnik, ali
na Vila Nova, e nós queremos um parque ecológico na Restinga. O Morro São
Pedro está ali em cima, está parado, e a gente corre o risco de ele também ser
também totalmente ocupado.
Questão do
saneamento básico e do saneamento ambiental. É polêmica a construção da estação
de tratamento lá no Extremo Sul, estão aí os companheiros do Extremo Sul,
quanto à usina e quanto às estações de tratamento. A Restinga vai receber ou
não vai receber o recurso federal? Vai ser atendida no todo ou vai ser atendida
em partes? Esse detalhamento, o diretor do DMAE esteve aqui, mas não ficou bem
contemplado, porque só havia dois participantes da comunidade, o resto tudo era
Governo. Então, a gente disse até que foi fracassada aquela apresentação porque
não ficou bem contemplado e a gente também não entendeu.
Quanto ao tema da
habitação, nós priorizamos na Conferência do Ministério das Cidades, na
Conferência Municipal de Porto Alegre, num Fórum de Participação da Habitação
que o DEMHAB chamou em Porto Alegre, a regularização fundiária do PAR da Região
08. Teve um belo projeto que aconteceu, segundo o nosso Conselheiro, na Lomba
do Pinheiro, e nós estamos tentando trazer esse projeto para a Restinga, para
regularizar. A Restinga tem condições, as pessoas têm condições de entrar
dentro do planejamento estrutural da Cidade, ela não pode ficar mais à margem,
quem mora do outro lado do morro está esquecido. A Restinga tem condições de
entrar.
Bom, na
questão da educação. Nós temos, hoje, um levantamento, o Beto Aguiar eu acho
que inscreveu também, do Movimento da Luta pela Moradia, uma carência, pois há
mais de três mil crianças fora da escola, tanto em nível Maternal como Ensino
Fundamental. Quer dizer, nós temos que ir para a fila do OP e esperar que a
comunidade seja regularizada para depois receber a escola. Então, uma coisa vai
amarrando a outra, olha bem.
O terceiro ponto
aqui seria a questão da Saúde Pública. Não vou dizer
o que está acontecendo, todo mundo está vendo o que está acontecendo, mas a
Restinga, ao longo de oito anos, vem demandando nos programas oficiais de
Governo, no Programa do Município, no Programa do Estado, na consulta popular,
no OP, a gente vem tentando buscar alternativas para a rede de saúde na
Restinga e no Extremo Sul. A resposta que nós temos é que não vai sair nada,
não saiu nada e não sai nada. Essa semana a gente ainda teve uma reunião com a
gerência distrital de saúde aqui, de promessas nós já estamos até aqui, mas
efetivamente não tem nada construído em área de saúde na Restinga, a não ser o
convênio do PA com o Moinhos, o restante nós não temos nada, e o terceiro turno
que foi aberto no Belém Novo. Nós não temos nada construído, e isso é uma
preocupação. Tanto a Restinga, como a Extremo Sul hoje e mais a Centro-Sul, da
Cavalhada para cá, isso pega em torno de 318 mil pessoas. Eu acho que é um
número considerável. A Câmara tem que considerar este número. A gente não tem
rede hospitalar, não temos nada, e temos que andar 30 quilômetros para poder
levar uma pessoa à maternidade. Isso tudo está pesando nas questões da
Restinga. Tem um tema que é discutido e a gente sofre muito, que é a questão do
transporte. Existe o monopólio de uma empresa, ninguém entra, ninguém sai; é só
a Tinga que determina. É só a Belém que determina. (Palmas.)
E a
gente tem visto, agora, a CARRIS até – não sei se foi uma boa troca – trocou a
Anita Garibaldi pela Assunção. Trocou uma linha que potencialmente recolhia
recursos para a Prefeitura, por uma linha da Assunção. A Restinga só tem essas
duas empresas de ônibus: a Belém, no Extremo Sul, e a Restinga, aqui. O que a
gente tem visto é que não tem oferecido outro tipo de transporte para a
população. Os dois ônibus saem parelhos até o Centro - parece que vão correndo
carreira até o Centro -, e depois, tu ficas 40min na fila do ônibus, parado,
esperando. Esse é o mesmo modelo que está na Prefeitura de Viamão, na Vila
Santa Isabel: passam os dois ônibus e depois tu ficas 35 min na parada. Acho
que a Restinga não pode ficar parada, esperando que venha alguém, que venha a
lotação, que venha não-sei-o-quê. A Restinga tem que ir atrás. Para concluir, um
tema que nós temos que abrir bem esta caixa: é a situação da Governança
Solidária Local. Dizem que a Secretária é que controla o OP, mas, na realidade,
a gente sabe que não é: tem um programa paralelo recebendo recursos e fazendo
aplicações, não discutidas pelo OP, não discutidas em lugar nenhum. É um
programa de Governo. A gente sabe que é um programa de Governo. Só que as
propostas estão saindo de lá para contemplar a comunidade e, na realidade, nós
não estamos vendo isto – está sendo usado de outra maneira. Não tem recurso
para o OP e tem recurso para aquele grupo deliberar e fazer o que quiser. Acho
que isso tem que ser discutido, tem que ser aberta esta “caixinha” com o
Secretário Cézar Busatto. Obrigado. (Palmas.)
A Ver.ª Neuza Canabarro está com a palavra.
A SRA. NEUZA CANABARRO: Ver.ª
Maria Celeste; Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, nosso Vice-Governador, Miguel
Rossetto; senhoras e senhores da comunidade da Restinga. Eu tenho procurado
falar em relação ao processo que nós estamos vivendo. Por que razão? Porque nós
estamos ouvindo. Nós ainda não estamos na parte técnica de chegar como
Vereadores, e começar a definir. Vamos aceitar o que vem da Prefeitura, do
Executivo, vamos fazer alguma emenda. Nós estamos ouvindo. E, como técnica, a
minha preocupação, Celeste, é exatamente a de atingir aqueles que aqui não
vieram. Nós sabemos que aqui estão as Lideranças; nós temos qualidade e não
quantidade. Mesmo assim, aqueles que estão em casa, que não puderam sair, a
minha idéia foi a seguinte: nós temos uma restrição, Rossetto, que é de não
poder informar absolutamente nada, de registrar, ou de assinar. Então como
poderia ser feito? Nós pegarmos a Ata desta reunião, e dizer: “tal dia com a
presença de tais Vereadores, de tais entidades, na Restinga, na Região 8 foi
realizada uma reunião, onde entraram tais e tais solicitações”. São o quê? São
aquelas premências que a comunidade está na expectativa de ver resolvidas no
Plano Diretor. Nós sabemos que aquilo que for para o Plano Diretor, nós vamos
encaminhar, vamos ver como enquadrar. E o que não for, nós vamos tomar as
providências que cabem à Câmara, porque os Vereadores são os fiscais do
Executivo. Eu não sei se por que eu sou inspetora, eu tenho feito isso com
muita seriedade, com muita veemência, o que às vezes, incomoda. Não é Celeste?
Mas eu fiscalizo, eu sou chata nisso aí: se passa um processo pela Mesa
Diretora e eu considero que ela tenha irregularidade, eu peço vista, mesmo que
isso cause antipatia. Eu não tenho a preocupação de ficar... A minha única
preocupação é com a coerência, a coerência da vida política da gente. E essa
coerência vem de sempre. Hoje se votou a favor de que os Vereadores que saem
para a Secretaria não levem o salário de Vereador... Vereador é Vereador; foi
eleito para ser Vereador; quer ser Secretário, agir, vá lá, tenha o ônus e o
bônus de ser Secretário - tem gente que quer só o bônus, não quer o ônus! -; eu
defendo isso com muita coragem. Quando nós assumimos o Governo do Estado, o
Governador Simon tinha criado a Secretaria da Cultura e colocou só professores
lá dentro. Deu um ano para se definirem, optarem. Optar não é escolher o
melhor; é renunciar a alguma coisa. Aí, os professores queriam o quê? Ficar na
Cultura - não tinham aluno -, mas ter as férias de professor: 60 dias mais 15
no inverno. Eu disse: “Não, optar tem ônus e bônus”. É o nosso caso, aqui, como
Vereadores: nós não podemos ter só o bônus; nós temos que ter também o ônus.
Então nós vamos o quê? Eu estou sugerindo à Mesa Diretora - já falei com a
Celeste na segunda-feira: vamos pegar o cadastro dos Vereadores – quem é que
nós temos nessa região -, mandamos por correio e vamos panfletar e mandar. Para
quê? Para o maior número de pessoas tomarem conhecimento. Aí, Celeste, daremos
um prazo para que as pessoas que ainda não compareceram possam encaminhar à
Câmara de Vereadores. Imediatamente, nós temos que pegar um grupo de pessoas
dedicadas, que estão defendendo os interesses de todo cidadão. Porque o nosso
compromisso maior não é com o Executivo, não é com isso, não é com aquilo, nem
mesmo com o Partido. Nós temos um Partido, temos questões ideológicas,
programáticas, mas o nosso maior compromisso é com o cidadão! É com ele é que
nós temos que estar, poder olhar de frente e dizer: nós estamos aqui
representando aquele que nos elegeu para defender os interesses do cidadão.
Esta é a sugestão que eu estou trazendo para que se possa atingir um maior
número de pessoas e ainda colher de algum retardatário alguma sugestão. Muito
obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Obrigada, Ver.ª Neuza. A próxima inscrição é da
comunidade.
O Sr. Nilson Coelho, Conselheiro da Região 8
- seja bem-vindo! - está com a palavra.
O SR. NILSON LOPES
COELHO: Bom-dia a todos! Quero dizer da satisfação de estar
aqui neste evento, quero parabenizar a Câmara de Vereadores pela realização
deste evento, quero também parabenizar a representante da UAMPA. De início
quero dizer, de início, que, para mim, como conselheiro de uma Região de
Planejamento, foi uma experiência muito gostosa, muito boa fazer a revisão do
Plano Diretor de Porto Alegre. A maioria da população não tem idéia da
importância dos Fóruns de Planejamento para a cidade de Porto Alegre. São oito
Regiões de Planejamento; cada uma abrange duas regiões do Orçamento
Participativo. A maioria da população, além de desconhecer o Plano Diretor de
Porto Alegre, desconhece a função, a importância dos Fóruns de Planejamento em
Porto Alegre. Quero dizer com isso que esta pequena discussão que se deu, ou o
pouco que se discutiu na Cidade em relação à proposta do Governo, se fez,
seguramente pelos Fóruns de Planejamento de Porto Alegre e pela UAMPA. Foram as
duas instituições que foram aos bairros da Cidade discutir alguma coisa sobre o
Plano Diretor. Das oito regiões, seis, seguramente, conseguiram discutir alguma
coisa. A Região 6, de Ipanema, pouco discutiu; a Região 5 praticamente não
discutiu nada; a Lomba do Pinheiro não discutiu porque eles têm todo um
trabalho dentro daquele projeto da Lomba do Pinheiro, que já contemplava essa
discussão. A Região 8, seguramente, junto com a Região 2 e com outras regiões
da Cidade conseguiram ainda fazer uma boa discussão, não como deveria ser
feita, com a abrangência com que deveria ser feita e que merece ser feita sobre
esse tema na Cidade. Mas, seguramente, nós, dos Fóruns, cumprimos o nosso
papel; com as mínimas condições que tínhamos, conseguimos ainda fazer alguma
discussão. Quero dizer que, como experiência pessoal, eu aprendi tudo o que não
se deve fazer numa revisão do Plano Diretor de Porto Alegre. Talvez não tenha
aprendido como se deve fazer tudo, mas seguramente aprendi tudo que não se deve
fazer numa revisão do Plano Diretor de Porto Alegre, que foi a proposta
medíocre deste Governo em relação à cidade de Porto Alegre, que não apresentou
absolutamente nada em relação àqueles temas que eram mais prioritários para
Porto Alegre.
Com isso, quero já trazer alguns temas que
são de Porto Alegre e que são aqui da minha região de planejamento. Um dos
temas da nossa Região a que não veio nenhuma vírgula de proposta foi o tema
ambiental de Porto Alegre, e essa Região 8 de Planejamento seguramente é hoje a
que contempla o maior potencial ambiental de Porto Alegre a ser preservado e
que está sendo depredado. Enquanto o nosso Secretário planta coqueiro lá no
Moinhos de Vento, - e é importante plantar coqueiro em Porto Alegre -, os
morros de Porto Alegre e o Arroio do Salso estão sendo totalmente ocupados e
depredados. O Heberson falou que nós temos um estudo pronto da Região 8 do Planejamento,
na época em que o Conselheiro era ainda o Ver. Comassetto, e eu era suplente,
nós apresentamos, na Prefeitura de Porto Alegre, um estudo completo em relação
ao morro São Pedro, uma proposta de parque para o morro São Pedro, e que está
lá engavetada, não se discutiu nada nesta Gestão.
A questão das áreas irregulares de Porto
Alegre, que o Governo disse que não tem resposta, que não tinha estudo em Porto
Alegre: isso não é verdade, pessoal. Este trabalho aqui, que é da Região 8,
isso aqui foi feito em 2004 pelo fórum da Região 8 de Planejamento e por
algumas Secretarias de Governo. Tem todo um estudo detalhado, região por região
de Porto Alegre, uma por uma, bairro por bairro; e a Prefeitura disse que não
havia estudo para apresentar propostas no item de regularização fundiária em
Porto Alegre! Não é verdade. E esse trabalho aqui é um trabalho que poucos
conhecem. Nem o Prefeito conhece, porque o Prefeito há pouco disse que Porto
Alegre tinha 230 e poucas áreas irregulares, e não é verdade, aqui há 732 já
catalogadas, isso lá no final de 2004. De lá para cá, há tantas outras.
Há a questão da regularização fundiária, nós
obrigatoriamente queremos que os nossos Vereadores coloquem propostas em
relação a esse tema, porque há subsídios para isso. Há a questão das AEIS, que
são as Áreas Especiais de Interesse Social, tanto para regularizar o que existe
de irregular, e tanto para propor áreas desocupadas, áreas livres para que se
faça habitação popular em Porto Alegre, habitação social, de baixa renda. Nós
colocamos, via Região 8, uma proposta que não passou, porque não era interesse
da maioria que passasse, ou seja, de gravar áreas livres em Porto Alegre,
principalmente nessa Região 8, que tem muita área livre ainda, para que, daqui
a 5, 10, 15, 20 anos, possa-se fazer loteamento social em Porto Alegre. Por
quê? Porque os grandes loteadores que estão vindo para a Zona Sul de Porto
Alegre compram tudo que é área que interessa para eles, e só sobram as áreas
ruins para se fazer esse tipo de loteamento, descaracterizando totalmente a
Cidade. Propomos também um banco de terras, que seria um estoque de terras. Não
é um banco só para financiar terras, mas um banco como estoque de terras
públicas para esse fim, mas também não foi interesse da maioria, não passou essa
proposta.
O item desenvolvimento econômico, que também
não veio contemplado nessa proposta de Governo: nós sabemos que aqui a nossa
Restinga é totalmente irregular. Aqui os próprios comerciantes têm dificuldade
até de tirar alvará na SMIC, por questões de regularização. A Restinga é 100%
irregular. Há a questão das alturas. As pessoas não conseguem construir seus
prédios mais altos, porque a questão de regime não contempla, então há uma
série de questões econômicas na Região que não foram contempladas.
Também nesse item de desenvolvimento econômico, há a questão das áreas rururbanas em Porto Alegre, todas aqui na nossa Região, ou seja, as áreas de produção primária, e a gente sabe que o avanço habitacional dos grandes empreendedores estão devorando essas áreas. Nós chegamos a fazer uma discussão aqui em que também não houve nenhuma proposta de Governo para garantir a permanência dessas áreas na Região, do pessoal que produz hortifrutigranjeiros, uva, frutas e tudo mais.
Sobre os loteamentos sociais, pessoal: no Plano Diretor atual tem um percentual de destinação de área pública que é em torno de 38% para fins de equipamentos urbanos e comunitários. Na proposta aprovada agora, conseguimos de 15 passar para 18. Os nossos loteamentos sociais já são de péssima qualidade em Porto Alegre em termos de equipamentos, principalmente os da Zona Sul de Porto Alegre, que não têm nada, não têm praça, não têm creche, não têm espaço para nada, ainda nessa proposta se diminui muito mais o percentual de destinação de área pública, ou seja, os nossos loteamentos sociais que já são muito ruins, com essa proposta ainda vão ficar muito piores.
A questão do Solo Criado, que é um assunto muito técnico e de pouca compreensão pela maioria das pessoas, esse item do Solo Criado em Porto Alegre, na proposta aprovada, existe um aumento de percentual possível de ser construído nos loteamentos. E existe também um dispositivo que esse recurso, que é um recurso público oriundo do Solo Criado, seria destinado à habitação popular em Porto Alegre. Faz 20 anos que isso existe, e nenhum centavo foi colocado ainda em habitação popular em Porto Alegre.
Então, o que há na proposta do Plano Diretor agora é
que seja criada uma conta individualizada para que esse dinheiro não vá para a
conta única do Governo e seja gasto em outras coisas, e que esse dinheiro, de
fato, seja destinado para a questão regulamentação fundiária e loteamentos
sociais de Porto Alegre.
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Obrigada, Nilson, Conselheiro Municipal de Desenvolvimento
Urbano Ambiental.
O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Bom-dia
senhores e senhoras, quero cumprimentar a nossa Presidenta, Ver.ª Maria
Celeste, cumprimentar a todos os colegas Vereadores e Vereadoras que aqui estão,
as lideranças comunitárias e cumprimentar aqui a Direção da União da Tinga, que
sempre nos cede esse espaço para fazermos todos os debates que dizem respeito
às buscas da comunidade. Quero agradecer aqui a confiança do meu Partido, nosso
Líder, Ver. Adeli Sell, falando em nome da nossa Bancada: Ver.ª Maria Celeste,
Ver. Aldacir Oliboni, Ver. Marcelo Danéris, Ver. Guilherme Barbosa, Ver.ª
Margarete Moraes, Ver. Carlos Todeschini, Ver.ª Sofia Cavedon. Quero dizer que
me sinto muito tranqüilo aqui, muito à vontade, porque esse tema do Plano
Diretor ou do Planejamento, na verdade, foi o tema, junto com o trabalho que
realizamos aqui na Região e na Cidade que me oportunizou para estar lá na
Câmara de Vereadores fazendo esse debate na Cidade. Portanto é um tema muito
importante e rico.
Quero iniciar um pouquinho aqui nesse
processo. Iniciamos a discutir o atual Plano Diretor em 1994, com grande debate
que se fez pela Cidade, com uma Conferência da Cidade, duas Conferências da
Cidade, e discutido em todas as Regiões. E, na época, já nos reunimos aqui para
discutir a Cidade rururbana: como fazia, o que fazia com os morros, todo esse
tema, e que concluiu, no final de 1999, a Câmara de Vereadores votando o
Projeto. E o Projeto diz o seguinte: no início de cada mandato tem que se fazer
uma revisão, uma avaliação do Plano. Para que uma avaliação do Plano? Para
verificar aquilo que deu certo, para continuar avançando e corrigir aquilo que
está dando errado.
Em 2003, fizemos a primeira Conferência, em
que o Plano tinha dois anos e meio de vida, e lá foi discutido alguns pontos já
no sentido da regulamentação do Plano Diretor. Mas essa discussão, que foi
feita na Conferência de 2003, acabou não sendo aprovada, o processo foi para a
Câmara, foi retirado. Hoje nós estamos já indo para o final da segunda gestão,
depois da vida do Plano. E não fizemos essa revisão ainda. E com o grau de
complexidade que tem, a preocupação que quero externalizar aqui, que todos os
problemas já trazidos, porque, Nilson, o atual processo de revisão do Plano
Diretor foi um erro. Como deve ser um Plano Diretor participativo? A integração
dos saberes técnicos com os saberes populares. Agora, quem tem de trazer os
saberes técnicos? É a Administração, é a análise dos estudos, é verificar o que
está dando certo, o que está dando errado e apresentar para discussão, isso não
foi feito.
Portanto, essa iniciativa, que a Mesa
Diretora teve - para que nós possamos discutir, trazer as nossas opiniões e
ouvir -, está centrada, está correta. Agora não esqueçamos que ano que vem é
eleitoral. Fazer revisão em ano eleitoral não dá.
E aí quero trazer alguns temas aqui: esse
Projeto, que é um bom Projeto, feito com uma visão estratégica, que elaborou
sete estratégias que devem estar, permanentemente, se retroalimentando, ou
seja, sendo analisadas, revisadas e sendo aplicadas. Senão não tem validade
nenhuma um Plano Diretor, que é a segunda Lei em importância, e fica na gaveta.
E eu vou pegar alguns pontos que já foram
traçados para trazer alguns exemplos da Cidade, e aqui da Região. Vou pegar o
tema sobre o desenvolvimento econômico que já foi dito. Qual é lógica de
Cidade, que nós temos que construir com sustentabilidade? É fazer com que as
pessoas se desloquem o mínimo possível de um lado para outro da Cidade. Por isso,
tem que ter uma orientação de desenvolvimento econômico para toda a Cidade e
para cada Região.
Ontem nós discutimos a Lomba do Pinheiro.
Ali, na Lomba do Pinheiro, está se instalando a Cientec, o maior Centro de
Tecnologia da Informação e Comunicação da América Latina. Como Ponta Grossa
chega lá? A pergunta que a Leonite faz aqui. Essa resposta o Plano Diretor tem
que apresentar. E o que aquela âncora de desenvolvimento pode trazer para a
Região e qual é o território que nós preparamos?
Bom, já foi dito aqui, todos os
supermercados da Restinga não têm alvará, porque o seu regime não permite que
possam ter. Eu poderia falar de vários outros temas, mas queria falar um pouco
desse tema da regularização fundiária. Esse estudo aqui, Miguel: 732 vilas
irregulares em Porto Alegre. Aqui na Região, só aqui na Restinga tínhamos, em
2004, 59 vilas irregulares, aí pega o Beco dos Bita, Cecílio Monza, Vila
Castelo, Barro Vermelho, Chácara do Banco, D. Pedro I, D. Pedro II, Beto do
Strighini, Salso I, Salso II, Salso III, tudo isso é irregular. Ontem, o
Presidente Lula esteve aqui e anunciou um bilhão e seiscentos milhões de reais
para serem investidos, principalmente nas reformas das cidades. Quero dizer que
todas essas comunidades estão excluídas de poder acessar esse potencial porque
a base é estar regularizada. Portanto esse enfrentamento é central que temos de
fazer, temos de trabalhar. Estamos pactuando aqui, entre os Vereadores, esse
acordo já em uma leitura com esse saber popular, para poder apresentar um mapa
da Regularização Fundiária, porque sabemos que a proposta que está sendo
trabalhada, pela discussão que temos com os conselheiros, está sendo resumida
em uma linha, diz o seguinte (Lê.): “A Regularização Fundiária, o Executivo
terá 18 meses para elaborar a proposta” – o que são 18 meses? Final do ano que
vem, se não fizer isso, serão mais cinco anos. A questão ambiental não precisa,
há um estudo pronto de toda a Região Sul, que o Instituto de Ecologia da UFRGS
elaborou, está lá dentro da SMAM. Não veio nada disso.
E queria dizer a questão dos serviços
básicos, nós temos que gravar, também, em toda Região, pegar o suporte da
urbanidade que apresenta o Plano Diretor e dizer, e aí há no Estatuto da Cidade
os instrumentos, direito de predição, que é reserva da área que o Município
pode desapropriar, deixar reservado, mesmo sendo privado. Onde nós vamos
colocar a rede de escolas necessária? Porque aqui na Região tudo falta; onde
vamos colocar os postos de saúde? Onde vamos colocar os parques? Onde vamos
colocar as praças? Isso deveria ser a profundidade da avaliação. Bom, agradeço
em nome da nossa Bancada, do Partido dos Trabalhadores, e, junto com os demais
colegas, com as demais Bancadas, estamos à disposição, para fazer esse debate e
poder avançar, porque o segundo semestre passa rapidíssimo, e nós podemos
deixar isso gravado para que a Cidade possa, no mínimo, se qualificar dentro da
política nacional e receber todos os investimentos que estão direcionados hoje
aos Municípios. Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): O Sr. Renato Soares, da Escola do Bê-a-bá de Angola
Malta dos Guris e Gurias de Rua - um nome enorme, mas muito belo -, está com a
palavra.
O SR. RENATO OLIVEIRA
SOARES: Bom-dia a todos presentes, não conheço todos pelo
nome, então não vou dar o meu bom-dia especial a todo mundo; gente, na verdade,
são várias coisas preocupantes, também, como, por exemplo, lá na quinta unidade
se ganhou uma linha de ônibus que, até hoje, não existe. A gente vem disputar
aqui na parte central da Restinga junto com os outros, porque o Restinga/PUC
traz de meia em meia hora, um lugar no ônibus, que a gente não consegue, paga
dois reais para ir de pé daqui até o Centro e voltar também. Mas, na verdade, o
que eu queria tentar me ater hoje, em especial, é a questão ambiental, porque
eu trabalho com a questão da tradição, nós somos o último grupo que trabalha
questão de material reaproveitável, fazemos tambores feitos em tronco. Nosso
grupo trabalha com isso em especial.
Mas me preocupa, também, porque, quando
cheguei aqui na Restinga, esses locais de reserva eram só depredação. Não
adianta, e, pelo que eu vejo, pelo que eu tenho visto, até conversei com alguns
grupos que estão nessas áreas próximas, não adianta somente proibir quando não
se dá uma outra proposta. Porém, a gente sabe, já tentei fazer parceria com a
SMAM em outros momentos, até para poder utilizar alguns troncos também, eu acho
que a maior necessidade que a gente tem, porque aqui na Restinga o que mais se
tem são pessoas com fogão a lenha em casa. O que se faz? Vai-se buscar, nessas
áreas, madeira para poder acender seu fogão. E, com a SMAM, eu acredito que
deveria ser incluído também nisso, uma parceria, para que se tenha perto dessas
áreas um banco de reserva de material reaproveitável com essas madeiras, com
esses troncos e tudo mais. Eu acho que isso é algo essencial, se a gente está
falando em preservar essa área, tem que dar condições para que as outras
pessoas também, que acreditam que aquele material é necessário para eles para o
seu dia-a-dia, tem uma nova proposta para utilização disso.
Também vou fazer uma propaganda, amanhã,
estaremos fazendo uma atividade aqui na Estado Maior, seria na minha casa,
porque a gente trabalha com tradição, e a gente, como trabalha com tradição
dentro da questão de educação familiar até a questão de geração de renda a
partir da nossa própria tradição, a gente está fazendo um ritual de passagem, a
formação de um dos jovens do nosso grupo, a iniciação dele nessa questão de
competição de tambores e tudo o mais. Então, como o tempo está meio fechado,
Yansã está mandando chuva para limpar as nossas ruas que estão sujas mesmo,
realmente, na Restinga isso de fato está preocupante, a gente amanhã estará
fazendo, a Estado Maior nos cedeu o espaço, para que a gente possa fazer uma
atividade ali na Estado Maior. É principalmente para jovens, a gente está
trazendo mais de cem crianças, de várias partes de Porto Alegre, para fazer
esse trabalho ali. A gente trabalha, em especial, como eu lhe falei, com
tradição familiar. Era isso. Obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Muito obrigada, Sr. Renato. Quero registrar a
presença dos assessores dos Gabinetes dos Vereadores Ervino Besson e Sebastião
Melo, além dos assessores dos outros Vereadores que estão aqui: da Ver.ª Neuza,
Ver.ª Maria Luiza, Ver. Alceu Brasinha, Ver. Carlos Comassetto, Ver. Adeli Sell
e Ver.ª Maria Celeste, obviamente. Com a palavra a Sra. Leonite Gheno, da
Associação Ponta Grossa.
A SRA. LEONITE ANA GHENO:
Eu vou cumprimentar não por nome, gostei muito da saudação a todos e,
lamento, em primeiro lugar, o que a Ver.ª Neuza Canabarro falou, da falta de
comunicação. Meus Deus! Nós temos um CAR, na Restinga, que não está presente,
recebem. Segundo, quarta-feira, no Belém Novo, tivemos reunião onde é
representado até a Extrema, as pessoas não estão aqui, e, nesses locais, nós
temos áreas de preservação ambiental, nós temos inúmeras coisas, nós temos
parques, e as pessoas não estão aqui. Então, assim, gente, não acredito que o
CAR não tenha telefone para ligar para os delegados. Eu fiquei sabendo, porque,
graças a Deus, nós temos uma relação, como o Ver. Comassetto falou, que tem as
atas antigas, aonde eu ia no Aeroclube xingá-lo, porque nós, da Ponta Grossa,
não tínhamos água, esgoto, luz, e pagamos os nossos terrenos. O grande problema
de Porto Alegre é que as pessoas que têm as terras não trabalham, vivem pai,
filho, neto, bisneto e tataraneto explorando o pessoal, e, quando vendem as
áreas, vendem direto e não querem que o Governo saiba para não deixar a área
para creche, para colégio, para praça. Então, assim, os órgãos da Prefeitura
não se ligam, e isso é horrível. O nosso Plano Diretor foi meio capenga, este
ano, por vários motivos, uma perda lamentável, porque, com isso, nós deixamos
de ter o contato, eu botei bem aqui, o contato com, porque antes nós tínhamos
até projetos que a gente nunca ficava sabendo, de polícia, a gente tinha, no
Plano Diretor, como eles atuavam, e a gente auxiliava. Aqui eu botei assim: nós
tínhamos um elo com os técnicos da Prefeitura, nós avisávamos eles, e eles
tomavam as providencias - desculpa, eu estou um pouco nervosa, não costumo
fazer isso -, encaminhávamos junto, criávamos juntos, criávamos juntos. Por
quê? Porque nós dizíamos: “Olha, quando chove, esse local aí enche de água”,
criávamos (Ininteligível.), hoje não, já não se sabe mais de nada,
quando se vê, ao lado da nossa casa, tem um aterro, e, hoje, quando se sabe, se
vê os caminhões de entulho que aterram no valão onde passa todo o esgoto do
Parque Agrícola Albion. Agora, eu, aqui, coitada, miserável da Ponta Grossa,
que não consigo nem colocar o projeto, na SMOV, da minha casa, vivo que nem uma
indigente, ou que nem uma ladra, porque me sinto um pouco ladra. Por quê?
Porque eu tenho que me esconder, eu tenho que vir vender os meus produtos na
Restinga escondida, porque a Prefeitura não aceita o meu projeto. Paguei
engenheiro, arquiteto, paguei o terreno, paguei água, paguei luz e não posso
regularizar a minha situação. Quando eu vim do interior, eu não sabia que
precisava disso, porque a minha cidade não tinha Plano Diretor e não tinha
essas conseqüências que se têm aqui. Então anotem esse endereço aqui: www.blog.com.br,
e lá a Prefeitura vai encontrar as regiões irregulares de todo o nosso Porto
Alegre. Eu não consigo entrar no meu computador, é claro, porque nós não temos
banda larga, mas consegue. Aí, vai localizar o Parque Agrícola Albion, que foi
com essa foto onde nós demandamos na Câmara dos Vereadores, a senhora lembra, o
nome do meu bairro: Ponta Grossa. Nós éramos divididos de Belém Novo e
pertenciam, Projeto do Ver. Comassetto, de tanto encher o saco dele, elegemos
ele, não tenho vergonha de dizer, para isso, porque ele dizia que era certo.
Então ele que faça agora o certo. Agora tem mais uma coisa, nós vamos tirar o
nosso Título de Eleitor, e ainda a Prefeitura não tomou providências. Foi
votado, você não estava naquele dia? Quem era a Coordenadora? Não me lembro.
Você não estava aquele dia na Câmara, era outra pessoa, daqui a pouco lembro o
nome. Só que ainda não conseguimos fazer com que o nosso bairro seja Ponta
Grossa. Nós não conseguimos ainda. Não temos como ir lá no mercado, ainda sai
como Belém Novo. Não temos nada a ver com Belém Novo, nos divide três
quilômetros e meio, avançando... O esgoto cloacal, socioambiental, meu Deus do
Céu! Isso é falado até na França. Tu entras num site de esgoto
internacional, tu encontras. Eu não entendo como a Prefeitura regrediu. Ontem,
o Lula chegou, dizendo: “Este Estado aqui regrediu”. Mas quase eu dei um chute
na televisão. Aí depois eu voltei para trás, cara, mas é verdade. Nós não
estamos usando o que nós sabíamos. Isso é uma vergonha! Mais uma. Em Juazeiro
do Norte, que ela é um toco no meio do nada, tem iluminação, tem rua, tem
asfalto, tem tudo, tudo planejado. Cara, agora tu sais de lá da Vila Nova, não
tem uma praça, tu tens que ir assim que nem cavalo para Centro. E eu não posso
colocar a minha filha no colégio. Ah! Mais uma, colégio. Não posso colocar a minha
filha no colégio que eu quero porque não tem ônibus, eu vou ter que colocar
naquele que eles querem. Isso que ela está na 8ª série, e a minha briga é desde
a creche, que não havia creche. Eu estou pagando desde a creche. Graças a Deus!
Treze anos, linda e maravilhosa, 8ª série. O esgoto cloacal: quarenta milhões
de reais, nós vamos receber o cocô (sic) de todo mundo, área irregular,
e a gente não sabe, é vergonha dizer isso - pelo amor de Deus!, se ficar
gravado -, a gente não sabe se as Vilas que estão ao redor vão ser
contempladas. Nós não temos acesso, o Diretor do DMAE é estúpido com a gente. O
bichinha (sic) - Deus me livre! - se ele tivesse (sic) aqui, eu
diria para ele, mas, meu Deus do Céu! Quando eles criaram a nova Secretaria da
Regularização Fundiária, eu fui, eu larguei o trabalho, começamos a trabalhar
às quatro horas da manhã, a Marlene trabalha comigo, e fomos para a
Regularização Fundiária. Companheira de fé! Fui lá para ver, aí disseram que
iam agilizar. Nós não vimos ninguém aparecer. Fizemos a fotografia e o
cadastramento, agora estamos lá assim, esperar que o Fogaça dê um jeito de
fazer o Projeto Ambiental, aí com isso, olha só, dinheiro da creche? Não vem.
Imagina. A Igreja não quer dar mais a área, nós estamos com demanda de dentes,
têm gente que já perderam os dentes, porque a sala dentária não tem mais. Eu
esqueci...Mas o Projeto de Creche... Meu Deus do Céu! Como é que eles vão
construir uma creche? De um lado, o DMAE comprou, e agora é mais uma denúncia:
a terra do Dunga foi comprada pelo DMAE - eu tenho o mapa que era do Dunga, não
sei de quem é agora -, está sendo aterrada, sei lá. Aquilo lá de noite pega
fogo. Meu Deus do Céu! Quase que o (Inaudível.) deu em nós nessa semana, nós
lavamos os saquinhos para colocar no lixo reciclado, veio uma conta de água
alta, e ele quase deu em nós. Nos botou os cachorros. “(Ininteligível) é botar
fogo!” Meu cara, isso aí está demais, e a gente não sabe de quem é. Antes a
gente sabia de quem era. Ônibus - eu vou dizer só o número deles, vocês entendem
tudo: 171. Secretaria da Juventude - amor, lá na nossa comunidade, ele fez um
trabalho maravilhoso, ele botou um ponto de droga em cada esquina. Os nossos
jovens não têm praça, não têm ônibus para irem ao Centro, não têm nada, têm um
colégio de até a oitava série que está caindo, não tem uma quadra naquela
porcaria, desde que o Collares construiu aquilo só foi despencar morro abaixo.
Saem de lá para vender maconha no Centro e assaltar os filhos de vocês! Muita
escrita porque tem uma dúzia daí que a gente pode dar e levar tiro, que o bicho
lá está pegando de madrugada... assim, ó meu, fora de série. Está uma beleza, a
gente nem se assusta mais. Não, não, é sério, a gente não se assusta mais.
Desculpa eu me alongar, o
Projeto do PT para as incubadoras... Quem era daquele tempo e que está aqui?
Incubadoras de pequenos projetos, microempresas da região. Gente, fui lá com
meu projeto, a veterinária me empurrou para o Estado, porque o
projeto era bom demais! Puxa, se eu tenho um Projeto, caraca, na mão, e ela me
diz que é bom demais, então pega, porque o meu imposto vai para a Prefeitura!
Por que tem que empurrar para o Estado? Por quê? Se eu quero ser municipal, não
quero vender lá para... “Não, mas depois tu vai querer vender para Osório, para
não sei o quê...” Eu não quero.
A
Regularização Fundiária, gente, é o principal de tudo isso. Eu falei de aterros
irregulares, de invasão, falta de escola, falta de médico, falta de dentista,
falta de ônibus, falta de rua... Nós não temos como ir à igreja, não temos como
ir ao colégio, não temos como caminhar. Em Porto Alegre, na Ponta Grossa, o que
tem de mulher obesa, vocês não fazem idéia; a gente só fica dentro de casa
porque é um barral desgraçado. Tudo isso reflete onde? E o principal - foi você
que falou...? Não, foi o Wilson -, o dinheiro da verba federal. Quando o Olívio
era Ministro das Cidades, fizemos um fórum maravilhoso no Pedregulho. O cara
era de Recife, não é? O cara ficou impressionado com a nossa cultura, com os
nossos projetos, ele nunca tinha visto nada que... Ele ficou assim, ó! Nunca
tinha visto nada igual, e dava para ver, porque eu conheço nordestino. Ele
chegou lá todo de gravatinha, ficou impressionado com a nossa simplicidade de
ser, a simplicidade do gaúcho, a gente se mistura, e é isso que faz o “bolo”.
Tu já viu (Ininteligível.) aquela galinha caipira, bonita, se não bota
salsinha, se não bota tomate, se não bota cebola, se não bota batata... É isso
que nós temos, que o gaúcho tem, e que eles não têm. Gente, não vamos deixar os
cara de lá vim, os reis de lá governar o nosso Rio Grande do Sul, pelo amor de
Deus. Chega, chega! (sic.) (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Obrigada Leonite Gheno, pelas tuas considerações.
Às vezes, não nos demos conta de que o Plano Diretor não tem que envolver
Educação, Saúde; a gente só fala da Regularização Fundiária, da questão
ambiental, mas, de fato, isso tudo está muito intrínseco no Plano Diretor.
Então, todas as questões que estás trazendo foram extremamente pertinentes, e
quero dizer aos senhores que estamos fazendo a relatoria. Todas as Audiências
Públicas estão sendo gravadas, para que depois possamos montar um relatório de
todos os trabalhos, encaminhar para a comissão que será criada na Câmara
Municipal que vai detalhar o Projeto do Plano Diretor. Então, todas as
considerações serão, sim, levadas em conta.
O Ver. Comassetto está lembrando, Leonite,
de uma das questões que tu colocaste a respeito do Projeto aprovado na Câmara
sobre a determinação do bairro Ponta Grossa, que foi aprovado e sancionado pelo
Prefeito. Agora, assumimos publicamente o compromisso, Ver. Comassetto, de
pedirmos uma audiência com o Prefeito e verificar por que, na prática, ele não
está acontecendo. A parte que compete à Câmara Municipal foi feita, sim, foi
realizada inclusive com a sanção do Prefeito sobre a Lei. Então, a Lei já
existe na Cidade, temos que ver o que está acontecendo no trâmite burocrático
da Prefeitura, que ainda não está sendo determinado...
(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Já assumimos este compromisso aqui.
A Ver. Maria Luiza está com a palavra, pela
Bancada do PTB.
A SRA. MARIA LUIZA:
Bom-dia a todos. Ao cumprimentar a nossa Presidenta, Ver.ª Maria Celeste,
cumprimento toda a Mesa, os Vereadores e Vereadoras aqui presentes, todas as
lideranças, a comunidade e, em especial, a liderança que me antecedeu, que
trouxe, com muita propriedade, todas as solicitações e reivindicações da
comunidade que aqui mora. Tenho certeza de que o nosso dever, como parlamentares,
os 36 Vereadores da Câmara Municipal, é estarmos muito atentos aos
encaminhamentos feitos nestas Audiências Públicas que estão sendo realizadas na
Cidade. Eles estão sendo apontados neste momento de discussão e gravados, aqui,
pela nossa assessoria da Câmara Municipal, e estarão fazendo parte da
discussão, quando o Plano Diretor chegar à Câmara Municipal. Tenho certeza de
que o Plano Diretor é um dos Projetos mais importantes neste semestre, na Casa,
trata-se da Cidade em que vivemos e da Cidade que vamos querer para as próximas
gerações. São inúmeras as situações apontadas, não só nesta Audiência, mas nas
Audiências de todas as Regiões da Cidade que nós temos passado, com referência
à questão da regularização fundiária, à questão do percentual altíssimo de
famílias que vivem em áreas de risco... E nós temos que ter, também, uma
atenção no que se refere aos empreendimentos que surgem em todas as regiões e,
principalmente, aqui, na Região Sul... A Zona Norte de Porto Alegre cresceu
muito... Nós temos uma extensão de área enorme na Zona Sul, então, por isso
temos que ter um cuidado para que, realmente, o Plano Diretor possa garantir
que os empreendimentos ocorram mas de forma planejada, de forma organizada,
prevendo todos os impactos de infra-estrutura, como bem colocou essa liderança
que me antecedeu. O Plano Diretor tem uma profundidade, sim, porque ele tem que
dar conta que os empreendimentos garantam escolas suficientes, creches
suficientes, atendimento de postos de saúde, atendimento no transporte coletivo.
Estamos diante de um assunto extremamente complexo que vai requerer a atenção
dos 36 Vereadores da Câmara Municipal, e tenho a certeza de que a comunidade
estará atenta, acompanhando esta discussão da Casa, verificando as Emendas e as
propostas que os Vereadores possam agregar e que venham, de fato, contribuir
para os anseios da comunidade. Nós, como cidadãos, contribuímos, pagamos
impostos, e a comunidade tem o dever, o direito de estar acompanhando os
trabalhos dos parlamentares, porque nós somos eleitos pelo povo. Então, eu peço
que vocês divulguem à comunidade a importância que tem a participação, e a
Câmara está aberta para receber todas as solicitações que sejam necessárias.
Não esquecendo, também, das áreas de preservação ambiental... Até para concluir,
eu gostaria de dizer que há cerca de 20 dias, eu estive subindo o morro São
Pedro, uma região belíssima da Cidade e que deve, sim, ser preservada e ter o
papel do Poder Público de fiscalização. Eu me preocupei muito, porque é uma
área de reserva ambiental, com vegetação, animais... Inclusive, no dia em que
eu subi o morro de São Pedro, eu tive, Presidenta, a possibilidade de
verificar, lá, três bugios. Então, é uma área belíssima da Cidade que precisa
ser preservada e que tem que ter uma atenção especial do Plano Diretor em todos
os sentidos, principalmente na fiscalização, porque, no dia em que subi, pude
verificar, também, com a ausência do controle do Poder Público, que algumas
famílias já estão adentrando na área de preservação ambiental. Esse é um grande
risco, porque aquela é uma área belíssima, poucas pessoas que moram na Restinga
a conhecem, subiram até lá, e muitos moradores da nossa Cidade não conhecem
essa área de preservação ambiental belíssima que a Restinga tem e que precisa
ser valorizada e preservada. Eu me coloco à disposição de todos vocês, junto
com todos os Vereadores, com a nossa Presidenta, para que a gente possa estar
contribuindo na discussão do Plano Diretor e atendendo aos anseios e às
reivindicações apontadas pela comunidade. Muito obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Obrigada, Vereadora. O Sr. Wilson Valério Lopes
está com a palavra, pela UAMPA.
O
SR. WILSON VALÉRIO DA ROSA LOPES: Bom-dia a todos. Bom-dia,
Ver.ª Maria Celeste, Presidenta da Câmara Municipal de Porto Alegre; Presidenta
da UAMPA, Maria Horácia Ribeiro; técnico da Câmara de Vereadores que apresentou
a matéria aqui, fez a exposição do Plano Diretor. Queria, aqui, também, fazer
uma referência especial aos 36 Vereadores, mesmo que não tenham acompanhado
esta Audiência, porque eles serão importantes do ponto de vista político para
que a gente possa encaminhar. Eu já disse em outras Audiências, nós estamos
vivendo um momento histórico, do ponto de vista de participação da sociedade,
da democracia, por conta de que nós temos um conjunto de fóruns para fazer o
debate das questões da Cidade, da Saúde, do planejamento da Cidade, e assim por
diante, e o Plano Diretor é mais um instrumento, como diz a Maria Celeste, mais
um instrumento que ajuda a organizar a Cidade do ponto de vista geográfico, mas
também ajuda a organizar a Cidade do ponto de vista de saneamento, de ambiente,
de viver com qualidade de vida. Eu queria saudar, também, o ex-Vice-Governador
Miguel Rossetto e ex-Ministro, que está aqui prestigiando, tem acompanhado, é
importante dizer isso, tem acompanhado todas essas atividades que estamos
fazendo do Plano Diretor, isso é importante, temos também interesse de
acompanhar, de nos apropriarmos do que acontece na nossa Cidade. Eu acho que
isso tem um símbolo importante para nós. Eu queria também fazer uma referência
especial ao Brasinha, porque ele me assusta sempre, porque eu vejo ele sempre
com aquele troço azul, eu sou colorado, e, onde eu vou à Audiência, está o
Brasinha com esse azul aí, e aí, em nome dos colorados, a gente faz a nossa
manifestação aqui. Mas queria dizer para vocês o seguinte: há um conjunto,
inclusive, de incompreensões com relação ao Plano Diretor de Porto Alegre, há
um conjunto de entendimentos diferentes e que são naturais numa sociedade
plural e democrática. Por exemplo, nós, da UAMPA, não nos ativemos a fazer o
debate das alturas, não nos ativemos a fazer o debate, por exemplo, se uns vão
fazer sombra para outros, eu, particularmente acho que é o seguinte: o debate é
que uns que têm já fazem sombra para os outros e não querem que os outros façam
sombra para os outros... Então, não vamos entrar nesse debate. Que nós queremos
fazer o debate, sim, por exemplo, é da influência dos Portais da Cidade. Alguém
já falou aqui sobre transportes, nós queremos saber da influência dos portais
da Cidade, os três portais propostos para a Cidade de Porto Alegre, na vida do
povo da Restinga. É isso que nós queremos saber. Nós queremos saber da
importância da regularização das seiscentas, setecentas, seja quantas áreas
irregulares têm em Porto Alegre, como é que o Plano Diretor vai tratar isso.
Nós não queremos saber da discussão da Macro-zona 1, que está organizada, onde
toda a infra-estrutura da Cidade está na Macro-zona 1. Portanto, ali não precisa
de discussão, nós temos que discutir é aqui. Nós precisamos discutir as áreas
de preservação. Esse é o debate que nós temos que fazer aqui, a regularização,
a falta de acesso à água, que foi dito aqui, falta de acesso de regularização
mesmo da terra, para construir. Um conjunto de temas que ficam ao lado, porque
quem tem mais poder, quem tem mais dinheiro, os endinheirados, fazem o debate
vir à mídia. Nós fazemos o debate aqui, e não conseguimos junto ao povo, nós
estamos com dificuldades também. Por quê? Eu vou fazendo o diagnóstico, tem,
por exemplo, o interesse do gestor municipal, que não quer fazer esse debate,
está visto, se não avisa os seus centros regionais, não faz eles fazerem a
convocação para as pessoas, é por que não estava interessado em fazer o debate.
E eu queria mais uma vez dizer para vocês o seguinte: além disso tem os
problemas do próprio movimento, que sofre cotidianamente um combate violente
por conta do que ouve na mídia todos os dias. Então, eu fiz este registro aqui
em nome da UAMPA, que a Horácia me pediu para fazer por conta de que nós
precisamos avançar sim, avançar nessas questões todas que nós temos para
enfrentar em Porto Alegre, mas esquecer esse debate de vamos discutir se um
rico vai fazer mais sombra para outro rico, nós queremos discutir sim, o
problema da regularização fundiária, nós queremos discutir o acesso à terra,
nós queremos discutir o IPTU progressivo, nós queremos discutir o conjunto de
temas que aflige o nosso povo, a base do movimento popular, a base do movimento
popular de Porto Alegre, que está insatisfeita com a forma que foi feita a
discussão pela Prefeitura, e por isso que nós estamos fazendo esse debate aqui.
Eu queria agradecer e achar que nós estamos marcando assim, um tempo importante
para a história dessa Cidade, fazendo essas Audiências. Muito obrigado.
(Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): A próxima inscrição do
Gilberto Aguiar, do Movimento Nacional de Luta pela Moradia.
O SR. GILBERTO CARDOSO DE
AGUIAR: Primeiro saudar a minha querida companheira Maria
Celeste, e como a gente sabe que se aproxima um período de eleições do Conselho
Tutelar, a gente foi conselheiros juntos, e sabe da árdua tarefa que isso
representa, e hoje está assumindo um posto mais alto do Legislativo, aqui na
nossa Capital. Saudar a Horácia, minha companheira de luta, e saudando a
Horácia, quero saudar todos os companheiros e as companheiras que fazem o
debate urbano, que compreendem o significado que é a Cidade, para nós
trabalhadores. Talvez quando o Valério apontasse o debate da Macro-zona 1, que
é a região central, que eu acho que nós temos que discutir também, porque a
gente sabe que a própria Restinga, ela surgiu num Projeto chamado “Remover para
promover”. E assim, naquela lógica de exclusão social foram jogados vários
Quilombos, foram jogadas várias famílias, há vinte e sete quilômetros da
Cidade, e essa produção, na região central, de que chega fim-de-semana é vazia,
e nós queremos que a população sim possa morar aqueles prédios vazios, que lá
se encontram, para que possam ter todos os benefícios de infra-estrutura, que
lá se encontram. Nesse debate com relação à questão do Plano Diretor, talvez o
grande sentimento da gente, que pensa em inclusão social, é única e
exclusivamente a questão do cumprimento da lei. Nós passamos muitos anos para
conquistar o Estatuto da Cidade. A única coisa que a gente quer dos
legisladores é que apliquem essa lei, ou façam o Executivo implementar essa
lei, porque aqui estão colocados todos os instrumentos necessários para que a gente
possa avançar nas cidades, numa ótica voltada para os que sempre foram
excluídos das cidades.
Há que elogiar esta dinâmica que a Câmara de
Vereadores colocou, de fazer o debate, de vir para as comunidades, de produzir
um debate que não foi produzido por parte do Executivo. Quando a gente vai
participar de uma Audiência Pública, que para nós foi muito mais um inchaço
público, com pagamento de lanche, com pagamento de vale-transporte, para que o
povo fosse lá aprovar só as alturas dos prédios da Capital, o resto não
interessava. O debate da regularização fundiária não interessava; o debate da
necessidade do atendimento das crianças de zero a seis anos com escolas
infantis não interessava, o que interessava era única e exclusivamente a
questão das alturas dos prédios. Agora, nesse debate que a gente acaba muitas
vezes por ter esse conteúdo mais nacional, e ontem a gente estava na assinatura
– estava presente também o ex-Vice-Governador Miguel Rossetto -, onde o nosso
Presidente Lula assinou um conjunto de recursos para o nosso Estado, recursos
esses para duas áreas fundamentais: área de saneamento e área de habitação. E
Porto Alegre vai receber muito recurso, em torno de 400 milhões serão
investidos na ampliação do aeroporto; no reassentamento da Vila Dique-Nazaré;
recursos para a Zona Sul, para atender aquele povo que ocupou a Atilio
Supertti, e, segundo informações, no OP chegou que inclusive vai atender
famílias aqui da Restinga, que são as famílias do Unidão.
E aí eu quero entrar um pouco na comunidade
que eu moro há uns 30 anos. Eu pesquei na antiga Sanga da Maria, agora é Vale
do Salso. Nós pescávamos e caçávamos ali. E hoje, com a densidade urbana da
nossa comunidade, o que é que a gente vê? E aí é importante o debate das Áreas
Especiais de Interesse Social, por quê? Segundo a Prefeitura, não existe mais
área da Prefeitura para assentar povo aqui. Agora, nós sabemos que aqui atrás
tem 156 hectares de terra da Avipal e que a Prefeitura poderia, sim,
transformar numa Área Especial de Interesse Social, para que a gente
potencializasse uma produção habitacional que poderia gerar habitação para mais
ou menos 1 mil e 200 famílias. Esse é o debate que a gente quer fazer na
Cidade, principalmente na Zona Sul, porque a Cidade hoje só pode crescer para
cima ou crescer para essa região. E ela cresce para essa região com recursos só
de grandes proprietários ou de grandes empresários da construção civil. E aí a
gente vai ver se o nosso povo consegue comprar uma casa dessas que estão sendo
feitas na Edgar Pires de Castro, pagar durante 25 anos em torno de 300, 400
reais, sendo que no nosso povo o maior déficit é na faixa de zero a três
salários mínimos. Então é esse debate que a gente quer fazer.
Do ponto de vista da regularização fundiária
- o Nilson já colocou aqui -, a Restinga toda é irregular. Só duas regiões
aqui, na Restinga, que pagam IPTU, todas as outras regiões não contribuem com
recursos, tendo quase todas infra-estrutura. Não contribuem com impostos, que
poderiam gerar produção habitacional, que poderiam gerar um conjunto de
investimentos na área social. Nós temos na Restinga Nova, porque ela foi mal
planejada, em torno de 600 - nós chamamos aqui de nesgas – áreas que estão
ocupadas ou para moradia ou para comércio, que não têm destino, quer dizer, têm
um destino na vila que o povo está morando, mas não tem um destino legal. Quero
dizer que quando o Collares foi Prefeito tinha um Plano Diretor específico para
a Restinga que a gente ajudou a construir, onde estes elementos que a gente
está colocando aqui estavam pontuados, só que talvez estejamos vivendo um
momento, Vereadores e comunidade - ontem estávamos na assembléia do Movimento
de Luta pela Moradia aqui -, em que está todo o mundo cansado de participar do
OP da forma como está sendo conduzido. Quer ver uma informação, e se qualquer
Vereador ou cidadão pegar os cadernos do OP vão ver que agora tem demandas do
Conselho do OP que não passam pelos Fóruns Regionais; demandas do OP que não
passam no debate dos Fóruns Regionais. Aqui na Restinga existem 400 mil reais
que foram destinados para a comunidade do Salso que há 9 anos não participa do
OP, e quando a gente se deu conta apareceu no Caderno do OP como investimento;
não que a gente ache que aquela comunidade não tem direito, agora, tem o dever
de participar do espaço que define isso, senão é o velho jeitinho brasileiro:
vou repassar para os meus para ter louros eleitorais. E isso ocorreu em quase
todas as regiões, há recursos gravados como demanda do COP e não debatidas na
comunidade.
Por último, o que o Valério colocou aqui é
de fundamental importância, porque essa dinâmica toda do OP nos levou a perder
a nossa capacidade de fazer luta, acabamos só ficando na participação e a gente
sabe que às vezes funciona muito mais um bafo na nuca, muito mais uma pressão dada
em cima do Executivo para que as coisas avancem, e digo isso para os
Vereadores. Ontem, tomamos essa decisão, a partir deste momento vamos continuar
participando do processo do OP, mas não tem mais arrego, nós não vamos
estabelecer e jogar todas as nossas forças no OP para ganhar duas casinhas por
ano enquanto a dinâmica nossa e a dinâmica da exclusão social leva a que
enquanto a gente consegue 200 moradias a exclusão social põe 600, 700 na
condição de morar de aluguel, morar de favor. Então, vamos colocar o povo na
rua, vamos pressionar o Governo Municipal para que ele cumpra aquilo que temos
debatido nos Fóruns, no processo de regularização, no processo de atendimento
de crianças de zero a seis anos.
Para
concluir, quero dizer uma coisa que acho fundamental: desde que a Empresa Tinga
entrou aqui, na Restinga, para atender – foi uma luta nossa, lembro que fizemos
marcha a pé até o Centro, deitamos na frente de ônibus, nós peitamos a Belém
Novo, portanto, temos um transporte que está aí fruto da nossa luta - até hoje
a única coisa que ela fez foi mudar do individual para o articulado, mas ela
mantém o mesmo número de ônibus, 64 ônibus. Então, essa dinâmica de ser
subserviente ao empresário do transporte coletivo tem que mudar, e ela não muda
somente a partir do Executivo, ela vai mudar a partir da luta e da resistência
que temos que fazer para isso ocorrer. Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Obrigada, Beto, meu colega Conselheiro, com muito
orgulho. A próxima inscrição da comunidade, a Sra. Djanira Correa da Conceição,
moradora da região.
A SRA. DJANIRA CORREA DA
CONCEIÇÃO: Quero dar bom-dia a todos e dizer que participo de
todos os movimentos aqui, já participei mais de seis anos de uma Associação e
quero falar para a minha amiga ali. Há 11 anos que vim morar na Restinga; vim
da Otto para a Restinga, e quando cheguei na Restinga, onde fui morar, foi um
choque; foi um choque tão grande que meu filho ficou em depressão por dois
anos, porque onde a gente morava a gente não via isso, e fui morar no meio do
tráfico. Eu saía de manhã às seis horas para trabalhar e a minha casa ficava
como ponto de tráfico. Só fui descobrir isso um dia em que arrombaram minha
casa e a vizinha me contou o porquê. Depois disso entrei na luta, porque a gente
não pode só reclamar, a gente tem que participar, e eu comecei a participar,
participar; não faço nada, mas pelo menos faço número.
Pergunto: por que as crianças estão no
tráfico? Porque está faltando alguma coisa para fazerem, terem alguma
atividade. Lutei muito na Associação para a gente conseguir alguns projetos,
mas a burocracia é grande, agora eu participo como moradora. E falando nas
coisas que aconteceram, uma coisa que eu gravei bem foi quando o Fogaça se
elegeu, e eu até já fiz uma pergunta para ele: como ele queria ser lembrado na
história da Prefeitura, se era como um compositor, que compôs belas músicas, ou
como um bom administrador? Ele disse que queria ser lembrado pelas crianças,
pelo serviço que ele fez pelas crianças. Tudo bem. Então, eu estou esperando, e
o tempo está passando. Depois ele disse que pela saúde. Eu sou hipertensa e
tenho um problema na perna, tenho flebite. Tentei consultar um médico para as
varizes, mas não consegui. Quando eles fizeram um mutirão da Saúde, eu fui ao
mutirão, só que o médico que atendia é vidente, ele não te examina. (Risos.)
Ele me botou assim ou fez assim em mim e disse: A senhora não tem nada, não
precisa fazer cirurgia nessa varize. Só que dois dias depois, eu baixei o
hospital com flebite, porque eu teria que ficar com a perna levantada. A sorte
é que eu tive um bom atendimento e não precisei ficar lá. Daí eu voltei e falei
com o Tiago. “Eu acho que tu me mandou ao lugar errado, porque tu disse que eu
ia ao mutirão da Saúde e eu fui no mentirão.” Esse não era o lugar que eu
queria ir, pois, como hipertensa, preciso de remédio. Eu só posso consultar no
PSF Castelo, porque a minha rua pertence a ele. Só que o Castelo não tem sede,
o Castelo não tem médico, o Castelo está dentro da Macedônia, que quando
a gente vai lá, se as meninas estão de bom humor, estão bem, elas dão um
jeitinho, senão temos que faltar três dias no serviço ao mês para consultar. Se
isso é melhorar a Cidade, eu não sei se isso faz parte do Plano Diretor, porque
eu não sou nenhuma estudiosa, não tenho faculdade, mas eu tenho a vivência da
vida. Eu tenho o caminho, que eu sei, só que para consultar eu não consigo,
porque eu tenho que faltar três dias ao serviço para poder ir. Remédio, nem
pensar, porque o Captocril nem existe. Eu não preciso só dele, eu preciso de um
que na farmácia normal custa R$ 39,00. Eu empregada doméstica, me orgulho do
que sou e batalho. Outra coisa que falaram aqui, o Wilson falou, as pessoas
falaram aqui sobre o ônibus. Qual é o lema do Fogaça? O que é bom fica, o que é
ruim sai. Só que eles se enganaram, está invertido: que é ruim fica, o que é
bom sai. Por quê? Como eu trabalho na Rua Lucas de Oliveira, eu saia antes as 5
e meia de casa, quando ônibus era perto da minha casa, nunca houve problema.
Quando mudou a Prefeitura, vieram os tais de pinga-pinga, a gente tem que
pegar, pegar outro para chegar onde a gente quer. Eu saio as 5 e meia, qual a
minha surpresa e o meu desencanto? Eu fui assaltada por dois meninos, só que
cada um tinha um 380. A Polícia disse para mim que foi engano meu, só que para
registrar a queixa,, porque levaram tudo, eu tive que esperar a Delegacia
abrir, porque ela só abre as 7 horas. O brigadiano que passou por mim, eu disse
a ele que tinha sido assaltada, e ele disse que tinha que fazer outra coisa,
passou de moto. Por que estou contando isso? Para contar o que a gente sofre,
num bairro longe, um bairro que não tem a infra-estrutura necessária, porque
para mim ganhar mais ou menos, eu tenho que fazer todo esse trajeto. Eu saia as
5 e meia e chegava 15 para as oito no serviço. Só que depois que eu fui
assaltada eu saio mais tarde, só que eu chego às 9 horas. Eu levo uma hora e
meia para ir daqui até ao Centro. Só que eu levo duas horas, porque como eu
tenho esse problema na perna, eu tenho que sair mais cedo e ficar 40 minutos na
parada do ônibus para ir sentada. Uma das filhas daquela senhora ali, guardava
um lugar para mim. Isso é melhorar a Cidade? Não, isso não é melhorar a Cidade,
porque se o povo cresce, o povo cresce com o trabalho. E para ter trabalho, a
gente vai buscar longe. Mas, para isso, a Prefeitura tem de estudar a
facilidade da locomoção das pessoas. Eu acho que a Prefeitura tem de rever,
sim, tem de olhar para nós aqui, enquanto usuários dos ônibus, porque é uma
vergonha! Não adianta ter ônibus batendo biela, batendo banco, às 10h da manhã!
Nós precisamos de ônibus às 5h da manhã. Eu queria convidar algum de vocês aqui
da Prefeitura, algum Vereador, para que viesse, de manhã, e fosse para uma
parada de ônibus, como eu pego lá na Restinga Velha, para ver o que é que
acontece, a falta de respeito com a gente! Porque é briga por causa do ônibus,
mas não tem ninguém lá que represente a empresa, que tenha uma palavra. Um
ônibus está levando, o Rápida, R-3, que eu pego, 50 minutos! Isso é rápido?
Não, isso não é rápido. Agora, para eu não ser mais assaltada, eu estou saindo
às 6h30min, só que em vez de eu pegar na Restinga Velha, eu caminho até o
terminal da Restinga Nova para pegar um ônibus. E isso me deixa muito
preocupada, porque não sou só eu. Se vocês forem nas paradas de ônibus, de
manhã, vocês vão ver um grande número de mulheres, mulheres que trabalham, que
são chefes-de-família, que têm de fazer essa caminhada. E outra coisa que
também me preocupo é que, quando eu fui morar na Restinga, eu achava lindo
quando eu passava na Edgar Pires de Castro, aquela parte onde tem a Hípica e o
outro lado, que era aquele matagal, eu fechava os olhos e ficava me imaginando
que estava viajando para Santa Rosa, a minha terra, fechava os olhos e ia. Hoje
em dia, o que é que tem ali? Só casas, não para nós, porque nós não temos
dinheiro para comprar ali, para os loteadores. E o que está acontecendo? Cadê a
nossa mata? Onde é que está a nossa mata ali? Estão nos tirando tudo! Ali, se
não me engano, perto da Chaparral, é uma proteção ambiental. É isso, Nilson?
Agora, nós olhamos, ali da Edgar Pires de Castro, nós vemos a Costa Gama, nua,
tudo queimado! Mas não é casa para a nossa classe, é casa só para os grandes.
Essa é que é a minha preocupação como moradora e como eleitora. Que pena que o
bom saiu e que o ruim ficou!
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Obrigada, D.ª Djanira. Dona Leonite quer fazer
alguma pergunta?
A SRA. LEONITE ANA GHENO:
(Fala fora do microfone.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Ok, vou responder rapidamente. O Programa da
Farmácia Popular do Governo Federal, do Governo Lula, que ficou o Projeto
pronto, pela Prefeitura passada, o Prefeito João Verle encaminhou, aos moldes
do que é o Programa da Farmácia Popular, não este Programa que está sendo
implementado na Cidade, que é uma parceria, uma franquia com as farmácias, este
é um outro Projeto. O Projeto da Farmácia Popular é aquele Projeto em que foi
realizado um convênio entre Prefeitura Municipal, Governo Federal, para que se baixe
o custo deste Projeto. O Governo Verle deixou, inclusive, o convênio assinado,
pronto, local alugado, lá na R. Uruguai, foi feita uma parceria com o GHC –
Hospital Conceição, porque havia necessidade de fazer esse intercâmbio, não só
do recurso federal que vem, mas de uma parceria.
O Grupo Hospitalar Conceição entrava com os
técnicos, a Prefeitura entrava com o aluguel, que foi feito no valor de 50 mil
reais, na época, para quatro meses de aluguel, está no contrato pronto,
assinado o convênio, e o Governo Federal entrava com a medicação, com toda a
estrutura para que isso fizesse. Qual foi a nossa surpresa, no primeiro mês do
Governo desta Prefeitura, Governo Fogaça? Nós fomos informados pelo atual
representante da Secretaria da Saúde, que era o Raul Martins – o qual já não
está mais na Secretaria da Saúde – que a Prefeitura não tinha interesse nesse
Projeto, lamentavelmente. Fizemos Audiências Públicas na Câmara Municipal,
estou falando, porque eu era da Comissão de Direitos Humanos, hoje, o Presidente
é o Ver. Carlos Comassetto, na época, fizemos Audiência Pública, trouxemos os
Secretários, trouxemos, inclusive, um representante do Governo Federal, nesse
sentido. E, pasmem, o dinheiro foi devolvido para o Governo Federal! Foi isso
que aconteceu com o Projeto Farmácia Popular, na cidade de Porto Alegre! Então,
apesar de todas as dificuldades e de nossos enfrentamentos na Câmara Municipal
para que se retomasse este Projeto, Porto Alegre não tem e não terá o Projeto
Farmácia Popular, porque não há interesse da Prefeitura neste Projeto. Então,
ele é diferente do Projeto que está instalado pelas franquias. São dois moldes
de projetos de farmácia popular. Eu estou fazendo esse rápido relato, porque eu
trabalhei muito em cima desse tema na Cidade. Nós buscamos audiências com o
Secretário, com o Prefeito, para que mantivessem o Projeto, mas,
lamentavelmente, essa Prefeitura - com todo respeito aos Vereadores que são do
Governo e que estão aqui; é uma escolha de gestão - não priorizou esse Projeto,
e nós não o teremos, na cidade de Porto Alegre. Inclusive, foi devolvido o
recurso nesse sentido.
(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Gente, para a gente não se estender nesse assunto,
esse é só um informe, e eu fiz esse informe na condição de Presidenta, porque
participei, na Comissão, pessoalmente desse episódio, e o que eu estou
relatando são fatos reais que estão, inclusive, nos registros da Câmara
Municipal de Porto Alegre. Eu não estou, aqui, fazendo uma disputa política com
o atual Prefeito na condição de Presidenta da Câmara, até porque eu nem poderia
fazer isso. Eu estou apenas fazendo um informe de uma questão levantada por ti.
Para encerrar, antes de passar a palavra para a nossa Presidente e para o
Assessor da Comissão, eu queria fazer um agradecimento muito especial à
entidade União da Tinga, que nos disponibilizou o espaço hoje. Muito obrigada
pela parceira e pela disposição do espaço. Também quero agradecer especialmente
ao Ver. Brasinha, que tem sido muito parceiro. Ele colocou o seu caminhão à
nossa disposição, para que nós possamos levar cadeiras para os locais, quando
há necessidade. Hoje, temos boas cadeiras aqui, mas, ontem, na Lomba do
Pinheiro, nós não tínhamos nem cadeiras, e o Vereador colocou o seu caminhão à
disposição. Quero agradecer, também, aos funcionários da Câmara Municipal, que
têm nos acompanhado e que têm sido extremamente competentes. É a primeira vez,
nos últimos seis anos, que a Câmara Municipal sai de dentro da Casa,
institucionalmente, com os Vereadores, e vai ao encontro das comunidades - pelo
menos, nesse período em que eu estou na Câmara, faz seis anos que eu lá, é a
primeira vez que um grupo de Vereadores sai, de uma forma institucional como
essa, com toda a assessoria, com todos os funcionários da Casa. Muito obrigada
pela colaboração, pela participação, e pela vontade de estar junto. Com toda
essa chuva, o pessoal está aí sempre guerreiro, sorrindo, trabalhando bem
legal. Agradeço, ainda, especificamente, ao grupo de trabalho que tem se
debruçado sobre a questão do Plano Diretor. Nós temos, aqui, vários técnicos de
várias Bancadas. Não é só uma Bancada que está trabalhando. São as Bancadas
representadas pelos Vereadores nos seus pronunciamentos, bem como outras,
também, que não puderam estar presentes, mas que colocaram os seus assessores à
disposição. Na Câmara Municipal, em relação às assessorias, nós estamos muito
enxutos. Nós não temos cargos e CCs disponíveis para estarem aqui, ali, e
acolá. Então, esse trabalho está sendo feito pela formação dos assessores das
Bancadas que disponibilizaram o seu assessor que deveria estar trabalhando, na
sua Bancada, em outro tema, mas priorizou o Plano Diretor. Então, nós criamos
esse tipo de trabalho, com a vontade, sim, das Bancadas. É importante que se
coloque isso para a comunidade também saber. E quero agradecer, também, a
participação de cada um, de cada uma de vocês, numa manhã de chuva. Nós sabemos
que há, propositadamente, um boicote às nossas Reuniões, já que as informações
não são divulgadas como nós gostaríamos, mas o que importa não é a quantidade,
e sim a qualidade das intervenções que a gente tem ouvido nas Audiências
Públicas - não só nessa, mas nas outras Regiões da Cidade também. Então, eu
queria agradecer, muito fraternalmente, a participação de todos vocês e passo a
palavra para o Jair, para as considerações finais.
O SR. JAIR FARIAS: Desejo
parabéns a vocês pela garra e pela presença num dia com um tempo tão ruim. Eu
também quero fazer uma pequena crítica ao CAR. Eu estive lá para me informar
exatamente sobre o local, e ninguém tinha uma informação precisa de onde seria.
Já que é um assunto de vital importância para a Cidade, eu acho que todos
deveriam estar envolvidos. Quero informar que todas as propostas do Plano
Diretor, bem como as demandas, estão sendo sistematizadas e estarão à
disposição. Qualquer cidadão que queira contribuir mais ainda é só se dirigir à
Câmara, à Comissão que está sistematizando esse trabalho. Então, é feita uma
sistematização. Eu até tentei bolar um esquema: conforme o assunto, eu já
coloco o artigo do Plano Diretor a que se refere. Isso daí vai facilitar
bastante a todos e às emendas. Então, muito obrigado. Eu fiquei muito feliz em
participar. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Passo, então, a palavra à Maria Horácia, Presidente
da UAMPA.
A SRA. MARIA HORÁCIA
RIBEIRO: Bom, pessoal, ao término de cada Reunião, de cada
encontro que a gente tem, vem a certeza que tivemos uma luz e uma iniciativa
muito positiva quando fomos buscar, na Câmara de Vereadores, a Tribuna Popular
e registrar lá a nossa indignação, da maneira e do modo como tinha sido
conduzido o processo de revisão do Plano Diretor nesta Cidade. Quando a gente
ouve as lideranças, ou ouve as pessoas externarem os seus problemas, as suas
angustias, aumentam as nossas. E ao mesmo tempo em que aumentam as nossas, nos
dão mais responsabilidade. Ouvindo a Djanira relatar, a questão dos ônibus, a
questão da mata que ela não vê mais, nos preocupa que esse Plano Diretor não
tenha nenhuma proposta com relação à mobilidade. E hoje se o Rápida leva 50
minutos, e vai levar mais, no momento em que aqueles loteamentos estiverem
ocupados, vai levar mais, por quê? Porque virão mais carros para cá, virão mais
ônibus para cá, e a demora não é pela distância, a distância é a mesma, mas vai
ter mais sinaleiras, porque nós temos que garantir o espaço de o pedestre de
atravessar a rua, isso tem que ser planejado, a Cidade tem que ser pensada, e
quando alguém faz uma crítica ao Orçamento Participativo - e eu participo dele
há muitos anos – e lá nós perdemos essa capacidade de pensar e planejar o
futuro, ficamos, às vezes, com assuntos pontuais, o que nos tirou essa
capacidade de enxergar um pouco além. E hoje, que é um momento ímpar de nós
estarmos, Beto, dentro do Orçamento Participativo, resgatando talvez com alguns
companheiros que hoje têm uma diferença de entendimento daquilo que é o
Orçamento Participativo, de estar resgatando junto a eles, e colocando-o nos
trilhos, ele já com essa visão de não só orçamento, mas de planejamento também,
não acho, Vereadora. Mais uma vez agradecer a compreensão daquela Casa em
acolher a nossa proposta, dizer que vimos isso como uma atitude madura, porque
vir para a comunidade, ouvir críticas e cobranças é uma atitude madura dos
Vereadores, uma atitude que requer e exige o nosso respeito muitas vezes, e o
nosso compromisso em fazer as defesas e as cobranças de maneira também
responsável. Agradecer a cada uma e a cada um que foi parceiro, aos
companheiros da Câmara de Vereadores, já passei por lá e eu sei que, às vezes,
as famílias nos cobram, quando nós nos dedicamos tanto à comunidade, mas isso
faz parte, é gratificante, a grande família que nós temos é toda a comunidade
de Porto Alegre. Obrigada. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Obrigada, Maria Horácia. Só para finalizar, tem um
recado aqui do Ver. Comassetto, vai haver um seminário no dia 15 de setembro,
sábado, a partir das 8h30min, aqui na escola, Reunião da Tinga, que vai tratar
do tema Escola Técnica Federal de Porto Alegre na Restinga, é um tema bastante
importante, contamos com a participação de todos. E para finalizar, quero só
informar, talvez muitos dos senhores já saibam, alguns ainda não, neste ano nós
tivemos uma iniciativa nova na Câmara Municipal, de um projeto também instalado
por esta Mesa Diretora, que se chama A Câmara e a Cidade, que uma vez por
semana, pegamos um grupo de Vereadores e saímos pela Cidade, verificando
problemas, conversando com a população, verificamos coisas boas também, que não
é só coisas ruins que se pode trabalhar na cidade de Porto Alegre. É bom também
haver projetos importantes, ontem, por exemplo, estivemos no Estaleiro Só, a
Ver.ª Maria Luiza esteve conosco lá visitando a área enfim a questão do
projeto. E a dona Djanira traz a questão do transporte muito fortemente, fez um
desafio aos Vereadores, que pudéssemos estar acompanhando essa dificuldade que
é pegar um transporte coletivo aqui na Restinga. Penso aqui em voz alta,
talvez, convidar aos Vereadores para numa dessas atividades da A Câmara e a
Cidade, estarmos aqui na Restinga, no horário dos ônibus, no horário de pico
dos ônibus, para verificarmos de fato, Ver. Brasinha, qual é a real dificuldade
desse trabalho e também verificar a questão do lixo, tão contundentemente aqui
falado do recolhimento do lixo da Cidade. Então, organizaremos esta visita,
entraremos em contato (Manifestações fora do microfone. Inaudível.) – de
surpresa, é claro! – entraremos em contato, obviamente que não é tão
surpreendente, porque a gente tem o cuidado ético de avisar a Prefeitura um dia
antes, e essas visitas têm funcionado bem, pelo menos na véspera o pessoal se
prepara um pouco melhor para nos receber pela Cidade. Então, estaremos fazendo
uma intervenção in loco aqui neste projeto A Câmara e a Cidade aqui na
Restinga. Muito obrigada pela participação de todos, e bom final de semana a
todos. (Palmas.)
(Encerra-se a Audiência Pública às 12h.)
* * * * *